terça-feira, 31 de outubro de 2017

Esse Seu Vem, Mas Nunca Chega.


Ele está chegando.
Sei que está se aproximando.
Já me mandou mensagem.
Vai me avisar quando comprar a passagem.

É um misto de ansiedade com saudade.

Eu estava tranquila.
Esses dias passaram sem que eu ficasse aflita.

Em meio a tantas coisas pra fazer.
Foquei em tudo isso e o tempo passou sem que eu pudesse perceber.

Foram tantas coisas pra pensar.
Algumas outras pra organizar.
Quantas coisas pra concluir.
Muitas outras aconteceram desde o dia em que precisou partir.

Coisas boas.
Histórias novas.
Que eu quero poder te contar.

Agora se aproxima a hora de você, finalmente, voltar.
E eu mau posso esperar pra te ver chegar.

Suas asas são grandes e mesmo distante, deixei você voar.
Sabia que voltaria e que não precisaria nem por um segundo eu me preocupar.

Nos serão necessárias muitas horas.
Já consigo te ver me contando suas tantas histórias em detalhes e sem demora.

Ouvir você me dizer, empolgado, sobre tudo o que viveu por lá.
E poder te contar um pouco de tudo o que vivi por aqui.

Esses quinze dias que perduraram por um mês.
Pareciam nunca mais passar.
Parece até que você não vai mais voltar.

E eu mal vejo a hora de poder te ver chegar.
Ouvir a buzina da moto chegando pra me encontrar.

Eu mal vejo a hora de poder te abraçar.
E bem forte me prender nos seus braços.

Ah, preciso olhar nos seus olhos e notar cada traço seu.
Entrelaçar os nossos corpos.
Só pensar em você e eu.

Esse seu vem, mas nunca chega.
Vem logo.
Nem que seja de surpresa.

Vem sorrir pra mim de novo.
Vem ficar aqui bem pertinho do meu corpo.
Um dia, dois, ou três como da outra vez.
E agora, quem sabe até seis.

Só sei que eu quero você como da primeira vez!


Renata Galbine!

domingo, 29 de outubro de 2017

E M P A T I A


É tão comum nos depararmos com pessoas que estão interessadas em saber sobre um fato que passamos, um acontecimento que enfrentamos, mas sem nos acrescentar em, absolutamente, nada após ficarem sabendo.
A ponto de, em seguida, perguntarmos a nós mesmos: "Por que fui falar sobre isso?!".

Outras nos oferecem palavras de consolo, como:
- "Vai ficar tudo bem.",
- "É assim mesmo",
- "Já passei por algo pior, vou te contar como foi...", e desanda a contar uma história que, muito possivelmente, não estamos dispostos a escutar. Não naquele momento.

E poucas que mesmo sem dizer nada, muitas vezes, através de um simples gesto, conseguem fazer toda a diferença para aquele que está precisando se sentir amparado, nem que seja por alguns minutos.

Isso é Empatia!

O termo vem do Grego: "Pathos" = Emoção, Sentimento.

Empatia, pra mim, está totalmente ligada a sensibilidade humana.
Empatia é saber ouvir o outro. Ouvir com atenção. Ouvir com o coração.
Simplesmente, ouvir.
Um ato tão simples, mas, ao mesmo tempo, tão difícil de ser praticado.
Agimos, muitas vezes, como se tivéssemos duas bocas e apenas um ouvido ou nenhum ouvido.
A dor do outro, a história do outro, o mundo, a rotina, a vida, o sentimento do outro acaba sendo, simplesmente, ignorado.
Estamos sempre dispostos a falar, mas, raramente, conseguimos parar e... escutar!

É uma dificuldade de se permitir se conectar ao outro.
Conectar parte dele em mim. Pra tentar compreender, ver como veem, sentir como sentem.
Afinal, não somos os únicos a enfrentar batalhas internas e externas.
Não somos os únicos a lidar com dificuldades e obstáculos.
Cada um carrega o seu. E não temos o direito de desmerecer o peso do outro.

Tem uma frase que muito sabiamente, diz:
"Não faça ao outro o que você não gostaria que fizessem a você."

Escutar se tornou algo tão inusitado que você, automaticamente, ganha a empatia da outra pessoa e, nesse momento, consegue estabelecer uma conexão muito mais forte com ela e ela com você.

A arte de ouvir.
O papel da escuta é, provavelmente, mais importante do que a própria fala.
Mas não termina aí.
É a arte de escutar e não julgar.
É se colocar no lugar do outro.
Como se os olhos dele ficassem no lugar dos seus.
É enxergar o lado dele, a verdade dele.
Se posicionar, tentar entender. Saber interpretar.

Li uma vez algo que nunca esqueci:
"Não é sentir pelo outro, mas sentir como o outro."
É isso. Nada além disso.
Abraçar a alma daquele que precisa ser abraçado.

Empatia é se calar pra poder escutar. É observar, analisar, orientar.
Empatia é falar na hora certa, sem ter que ensaiar, forçar.
Empatia é conexão.
É gesto que vem do coração!


Renata Galbine!

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Dinheiro Trás Felicidade


Não seja hipócrita.
Não me diga que dinheiro não trás felicidade.

Você já passou por dificuldade?

Não me vem com esse papinho de que dinheiro não é tão importante.

Pra morar: Precisa pagar.
Pra sair: Precisa vestir.
Pra comer: Precisa comprar.
Pra viver: Não basta existir.

Nesse mundo capitalista, sobrevivemos a cada dia.

Tá!
Dá até para plantar, criar e comer.
Mas acho que já passamos dessa época, nessa realidade cercada de tanta tecnologia

Já abriu a geladeira e se deparou com nada?
Ou até mesmo com pouco?
Bem pouco.
Tão pouco que causa desespero.
Tão pouco que te causa um aperto em pensar no dia que está por vir.

Se isso me angustia, imagino para um pai de família.

Quantas vezes o meu pai deixou de ter algo que precisava para não deixar faltar pra mim.
E hoje, quando eu posso proporcionar pra ele, me causa um bem estar sem fim.

Poder presentear quem você ama.
Mesmo que seja com uma simples caixa de chocolate.
Quem ganha, receber com uma grande intensidade.

Poder comprar algo que alguém esteja precisando.
E ver a alegria e gratidão de ter recebido sem estar esperando.

Viajar, custa dinheiro.
E viajar é cultura.
Nos proporciona histórias e aventuras que, dificilmente, alguma experiência chegaria a altura.

Não me venha com esse papo que você não gostaria de fazer uma viagem.
Viajar para um lugar específico, magnifico. Um passeio que te seja inesquecível.
Viajar com a família ou com um amigo.
Viajar refaz a alma.
Aquieta os ânimos e alegra o coração.
Viajar, é uma das coisas na vida do que há de bom.

Fazer um passeio qualquer.
Ir para um lugar bonito.
Se reunir entre amigos.

Assistir aquele filme que está em cartaz.
Chegar, sentir o cheiro da pipoca amanteigada, escolher uma cadeira e não pensar em mais nada.

Sentar naquele barzinho que você gosta.
Ouvir uma música agradável, com pessoas queridas a sua volta.
Cantar, conversar, sorrir e sair dali mais feliz.

Falem o que quiser.
Mas dinheiro proporciona segurança.
Segurança de vida, no geral.
Saúde com mais qualidade.
Morada com mais segurança.
Uma vida com mais oportunidade.

Dinheiro proporciona tratamentos que, quando necessário, nem sempre são disponíveis sem ele.
Ficar doente não é bom.
Não poder ser tratado, é pior ainda.

Sentir fome, é triste.
Poder comer o que se tem vontade, é uma maravilha.

Concordo que a felicidade dependa de muitos outros fatores também.
Não estou dizendo que esse seja o único.
Mas não concordo quando escuto alguém afirmar que ter dinheiro não faça parte disso.

Não é ter dinheiro e se tornar escravo dele.
É ter dinheiro e tirar o melhor disso.

Aquele que tem dinheiro não é infeliz por ter dinheiro.
Mas, provavelmente, por não saber desfrutar da melhor maneira daquilo que tem.
Talvez, por focar tanto em outras coisas e não ter tempo o suficiente de se permitir a desfrutar daquilo que possui.
Ou, talvez, por nunca ter passado dificuldade, logo, não saber a diferença e importância como é ter o privilégio de ter tudo o que tem.

O que não trás felicidade, é não saber usufruir de seus bens da melhor maneira possível.
Não traz felicidade quando não se tem liberdade em gozar daquilo que tem.
Não traz felicidade quando não se sabe aproveitar o tempo para desfrutar daquilo que possui.

Se dinheiro não traz felicidade.
A dificuldade muito menos!

Porque, no geral, ter uma casa confortável para morar, poder comer algo que se tem vontade, receber em sua casa seus familiares, poder fazer passeios, viagens. Ir a shows, comprar livros, presentear, ser presenteado, cuidar da própria saúde, ter qualidade de vida, traz, sim, felicidade.

Isso é bem-estar.
E o ser humano que tem bem-estar e sabe tirar o melhor disso, não pode ser infeliz.


Renata Galbine!

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

O Aluno Que Muito Sangrou, Transbordou.


Já reparou?!

Nesses últimos tempos, muito se tem visto e ouvido falar em mortes em escolas.
Não só no Brasil, mas em outros países afora.

Alunos que são baleados por outro aluno e saem sem vida.
Histórias trágicas que, pra mim, todos são vítimas.

Não estou me referindo a nenhum caso específico, mas a todos no geral.

Eu tenho reparado o quanto esse índice tem aumentado.
Eu tenho pensado bastante à respeito desses fatos.
E sempre com bastante cautela, já que trata-se de um assunto tão delicado.

Escuto os noticiários e reparo nos comentários das pessoas.

No noticiário, quem cometeu o crime, se torna: "O atirador".
Na boca das pessoas, quem disparou o tiro, se torna:
"O monstro", "O assassino", "O descontrolado", "O psicopata", e por aí vai.
É um mar de ofensas e ódio.

Não estou aqui tirando ou diminuindo a culpa de ninguém.
Porém, acredito que existam casos e casos e eles precisam serem analisados.

Você já parou pra pensar, só por um instante, o que leva um aluno a atirar contra outros?

Tudo bem.
Em alguns casos, pode ser por pura psicopatia, descontrole emocional, maldade, desvio de caráter e um único propósito que é matar.
Volto a dizer: Existem casos e casos.

Mas você já parou pra pensar e se perguntar, além de todas essas possibilidades, o que pode existir por trás?!
- O que pode estar por trás dessa pessoa?
Eu me refiro a mente e coração.

Hoje, deram um nome específico.
Na minha época não existia esse termo.
Mas o significado e o contexto, eram exatamente os mesmos.

Bullying.

Só entende dele quem já passou por ele.

Conforme citei no início do texto, há um tempo atrás, pouco se ouvia falar em alunos que disparam uma arma contra outros.
Na nossa realidade atual isso tem se tornado cada vez mais frequente.

Talvez por estarmos perdendo valores.
Por não estarmos respeitando como antes os professores.
Talvez por estar faltando o "NÃO" dentro de casa.
Talvez porque hoje os pais não educam mais como ontem.
A rigidez que no passado, talvez, fosse exagerada, atualmente, foi completamente alterada.
Tudo é tolerado. Tudo é engraçado.
É tudo muito livre, muito solto.

Hoje pouco se vê um pai falando o que o filho vai precisar fazer.
E muito se escuta um pai perguntando o que ele quer fazer.

Mudaram-se os valores.
Diminuíram-se os pudores.
Trocaram-se as autoridades.

Alguns se esquecem, ou, talvez, não saibam que, é dentro de casa que muitas coisas precisam ser ensinadas.
E não na escola.

Com isso, nos deparamos com alunos autoritários, arrogantes.
Que afirmam com prepotência que "estão pagando", como se isso desse o direito de "pintar e bordar", fazer o que quiserem e bem entendem.
Se esquecem que, primeiramente, quem está pagando não são eles, mas, sim seus pais.
Que eles mau têm dinheiro pra comprar o lanche do intervalo, e se têm, é porque receberam dos pais.

Contudo, se esquecem do mais importante:
Que se em suas casas não existem regras, na escola, existe. E em todos os outros lugares também.
A vida é uma regra, cheia de limites.

E aí, então, esses seres saem de casa, vestidos, alimentados, mas, nem sempre, orientados e bem educados.
E sempre adota na escola um "para Cristo", como dizem.
Fazendo dos seus dias uma enorme diversão e do outro um grande inferno.
Quando se juntam, se acham valentes.
Se acham muito espertos, inteligentes, engraçados.
Volto a dizer: Arrogantes. Prepotentes.

Quando leva um tiro no meio da cabeça e morre, sai no Jornal como vítima.
Todos vão lamentar a sua morte.
Mas poucos vão procurar saber, ou vão dizer, o que fazia em cada um dos seus dias dentro de sala de aula.

Falta-se limite.
Falta-se respeito.
Falta-se compaixão.
Falta-se educação.

É um excesso de preconceito.
E a ausência de preceito.

Só quem viveu ou vive o bullying, sabe do que estou falando.

É preciso ser, realmente, muito espiritualizado, controlado, bem intencionado, pra não dar um tiro no meio da cara de quem te perturba diariamente, de quem te diminui, te expõe, te ridiculariza.

É preciso base familiar.
É preciso apoio, amparo.
É preciso que alguém enxergue o que, quem passa, não consegue falar, não consegue expressar.
Não consegue colocar pra fora, somente, ruminar.

Não estamos falando de adultos que se desentendem no trabalho, se estressam no trânsito.
Estamos falando de crianças e adolescentes, que não possuem a mesma mentalidade que nós adultos.
Que vivem o bullying e, realmente, se sentem diminuídos por isso.
E, com isso, nem sempre terão total consciência do erro e gravidade de acabar cometendo um crime.

Quem enfrenta, sofre.
E somente quem sofre com isso, sabe o que passa.
Sabe o que carrega.
Grava e leva os nomes de cada "colega" que o diminuiu, que o perturbou, que o ridicularizou.

Quando o tempo passa, vemos o quanto somos maiores do que imaginávamos.
E que não somos pequenos como nos apontávamos.
Vemos o quanto ninguém tem o direito de nos diminuir, pois cada um possui a sua verdade e qualidades.

Percebemos o quanto aquilo poderia ter sido pequeno, se não tivéssemos permitido que nos atingissem tanto.
Percebemos o quanto, realmente, não compensa dar um tiro em "Graziellas" e "Marianas", pois a nossa vida vai muito além de Ensinos Fundamentais e Médios.

Percebemos o quanto, nem sempre a afirmação de um professor, é uma verdade absoluta.
E que embora seja ela uma professora de Português, existem muitas "Lúcias" equivocadas por aí.
O meu texto estava maravilhoso, eu sabia e sei escrever.
E o mais irônico, é que me tornei uma escritora.
É você quem não fez questão de olhar com bons olhos aquilo que eu havia feito e apresentado.
De que adiantaria eu te bater em sala de aula ou te matar?
Nada!
Eu teria acabado com a sua vida e a minha também.
E hoje você não estaria aqui para ler sobre você e sobre àquelas que você vangloriava.

Quem atira, nem sempre é um monstro.
Quem morre, nem sempre é uma vítima.

Por trás de uma bala disparada, pode existir o sangue batido.
Batido diariamente.
Inconsequentemente e friamente.
Porque tem o cabelo "assim" ou "assado".
Porque é doente.
Porque não é tão inteligente.
Porque não tem um sobrenome conhecido.
Porque sua roupa está fora de moda.
Porque o carro do seu pai não é o melhor do momento.
Porque não gostam do bairro que você mora.
Porque é gordo ou magro.
Porque é alto ou baixo.
Porque é mulato.
Porque é pardo.
Porque é pobre.
Porque é quieto.
Porque é gago.
Porque é...

É o que quiser ser.
O que tiver que ser.

Cabe a mim e a você, respeitar, não caçoar.
Porém, respeito vem de casa, vem de berço.

Ninguém é melhor do que ninguém.
Logo, ninguém tem o direito de diminuir ninguém.
Dessa forma, não temos, também, o direito de apontar o dedo para ninguém.

Se matou, é porque faltou orientação, percepção.
Se matou, é porque sangrou.
E sangrou tanto que transbordou.


Renata Galbine!

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Desejos Insanos


Eu tenho pensado bastante à respeito da relação humana atual.
A facilidade em conhecer alguém e a rapidez em desconhecer também.

Na época dos meus avós, e até mesmo dos meus pais, o fato de conhecer alguém levava-se tempo.

Inicialmente, observava-se de longe.
Por um longo tempo, admirava-se.
Notava-se a aparência, a vestimenta, o andar.
Notava-se o olhar!

Demorava-se para descobrir o nome.
O primeiro encontro, o andar de mãos dadas.
O primeiro beijo, então. Nossa...
Quanto tempo tudo isso levava até acontecer.

Hoje em dia, é questão de horas. Ou até mesmo minutos.
Temos disponíveis cardápios humanos nesses tantos aplicativos de celular.
Você escolhe pela cara, já sabendo o nome, idade e cidade que mora.
Rapidamente, tem o número do telefone e, se duvidar, repentinamente, está dentro do carro, procurando um lugar pra transar.

Isso me causa um vazio existencial absurdo.
Um desespero. Uma revolta. Uma quebra de esperança.
Na qual me faz desacreditar na relação humana.

Acho que, realmente, o andar de mãos dadas, pedir a mão em namoro para os pais, a fidelidade, verdade, sinceridade, prioridade, há bastante tempo, ficaram pra trás.

Hoje, trata-se de uma verdadeira orgia social na qual o desconhecido marca com outro desconhecido afim de saciar seus desejos insanos e animalescos.
E tchau!

Hoje, somos levados pela carne.
A alma não é mais alimentada e abastecida.
A essência é claramente ignorada e esquecida.

A alma se faz vazia e deve permanecer mais a cada dia, diante de um mundo tão vago e desapegado.

Acabaram-se as descobertas, as trocas de olhares, a evolução do namoro.
O tempo não é mais respeitado.
O tempo é violentamente atropelado.

Tudo é intensamente sentido em um dia e logo em seguida acabado.
Como se nunca tivesse existido.

Hoje se fala muito e sente pouco.
O seu amor não importa, enquanto têm mais três na minha porta.
O prazer é o mais focado. O resto, é resto. É deixado de lado.

Amar, está fora de moda.
O amor é facilmente trocado e jogado fora.

Será que o melhor é desistir de amar e se sujeitar?

Aonde vamos parar?!


Renata Galbine!

sábado, 21 de outubro de 2017

Não Tá Fácil


O ano de 2017, está sendo bastante difícil pra mim.

Difícil em muitos aspectos.
Na verdade, difícil em, praticamente, todos os aspectos.

Talvez uma palavra que resuma bem, seja: Frustração!

Parece que foi um ano que entrei tropeçando e permaneci cambaleando, tentando me por em pé no decorrer de todo o ano.
Até parei agora pra pensar alguns segundos, enquanto escrevo, onde estava e o que fiz na virada do ano.
Coisas de superstição: "Que cor de roupa eu usei". "Em que lugar passei". E etc.!
Detalhes irrelevantes, é claro.
Mas, ainda assim, pensei.

Talvez, tenha me faltado planejamento.
Embora o que estava planejado tenha sido em vão.
Talvez, tenha me faltado opção.

Não foi um ano de portas na cara. Embora eu tenha levado algumas, o que faz parte.
Mas foi um ano onde me sinto estagnada.
E não por ter ficado parada.
Pois não fiquei!

Quantas coisas eu tentei.
Quantas coisas eu arrisquei.
Tentei. Busquei. E mudei.
Mas não saí do lugar.

Foi como andar em uma esteira.
Ou subir na contra mão em uma escada rolante.
O famoso: "Nadar e morrer na praia", sabe?!

E além das coisas que não conquistei, tiveram as que perdi.
O que é ainda pior.

Ah, meu bebê...
Tão branco, feito neve.
Com os olhos azuis, feito o céu ao amanhecer.
Tão doce. Puro. Calmo. Singelo.
Assim era o Théo.
Que resolvi adotar, após me recuperar também de uma perda vivida. E muito sofrida!
O adotei.
E como eu o amei.
Aliás. Não tinha quem não o amava.
Um gato inexplicavelmente amável.
Ele era diferente.
Um ser, realmente, de luz. Especial!
Um verdadeiro anjo em nossas vidas. É impossível explicar e descrever.
E, repentinamente, adoeceu e morreu.
Nos meus braços, chegando ao Veterinário.
Leucemia? Talvez.
Foi a suposição do veterinário que não teve tempo de consultá-lo e diagnosticá-lo.
Foi menos de um ano comigo, mas parece que foi uma vida.

Chorei.
Como eu chorei.
E ainda choro.
Estou chorando.
Ainda lembro.
Porque é impossível não lembrar.
E sentir.
A dor, o vazio.
E a falta!

E os meses se passaram.
Poucos meses além.
E lá se vem outra perda.
O Pingú.
Meu Labrador comprido de olhos pidões.
Adoeceu e em poucos dias morreu.
Dormindo!
Agradeci a Deus por ele ter morrido sem sofrer.
Mesmo sem entender.
Mesmo sem querer!

E em menos tempo depois, mais uma perda.
E que perda!
Foram 15 anos de história. 15 anos de amor.
Ela adoeceu. E como sofreu.
Foram dias de dor, de angústia.
Embora eu tivesse passado todos esses anos com medo de imaginar o dia em que eu tivesse que me despedir dela, naqueles dias eu chorava, sofria, mas pedia a Deus que permitisse que ela descansasse, dessa forma, seu sofrimento chegaria ao fim, pois ela não merecia. Eu não podia ser egoísta.
Sofreu tanto, tanto, tanto, que eu jamais poderia imaginar que fosse ser dessa forma.
E ela, enfim, descansou.
Que saudade me deixou.
Minha Cocker, que chegou com seus 45 dias e me proporcionou tanto amor.

A vida se mostra tão breve, efêmera.
E até agressiva. Nos tira em um piscar de olhos.

Fora todas essas tantas perdas.
Quantas perdas.
Quantas decepções no decorrer de um ano.

Amigos que se tornaram inimigos.
Pesado.
Mas real.

Pessoas que a gente se aproxima, cria empatia e confia.
E se decepciona profundamente depois.

Amores que surgiram.
Amores que partiram.
Amores que romperam. Mas não necessariamente que morreram, isso é, que deixaram de existir dentro de nós.

A busca preocupante e incessante pelo dinheiro e pelo trabalho.
Mas tem estado difícil crescer, ganhar experiência e amadurecer profissionalmente.
A oportunidade tem sido pra poucos.
E, aparentemente, só esses poucos é que tem valor perante muitos.

E eu tenho me sentido um individuo avulso, oculto.
Aquele ser que, por mais que tente, por mais que faça, não é o suficiente.

A sociedade é exigente.
Quer demais.
E oferece tão pouco.
Ou nada!

É como se eu não tivesse um lugar no mundo.
E se tenho, não o encontro.

Nesse turbilhão de acontecimentos, o sorriso tem que existir.
Você tem que levantar de manhã e insistir.
Você tem que enfrentar um dia e não desistir.

Mesmo sem vontade.
Mesmo sem coragem.
Mesmo sem...

E assim eu tenho me sentido...
Sem amparo.
Sem refúgio.
Sem perspectiva.
Sem porto seguro.

É pegar as dores, desamores, desavenças e seguir.
Fazendo de conta que o dinheiro não faz falta.
Que as perdas não marcam a alma e foram relevadas.
Que a falta de estrutura e amparo dentro de uma casa, são facilmente encaradas.
Que a vida é leve de ser superada e encarada.

Ah, mas não é.
Não mesmo!

Cansa, sabe?!
Dói, entende?!

Sufoca e angustia.
É uma agonia que só quem sente é capaz de entender.

É um cansaço.
É um desânimo por correr e não sair do lugar.
É um esgotamento por tentar e não conquistar.
É uma frustração.

Uma profunda, desanimadora e verdadeira:

Frustração!


Renata Galbine!

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Ponto Fraco


É fato.
Você é o meu ponto fraco.

É certo.
Sinto falta de te ter por perto.

É errado.
Por isso, sei que o melhor foi ter acabado.

Me afasto.
Mas, confesso, que já conversei com o acaso.

Quantas conversas sobre o amanhã e o agora.
Ligações fora de hora.
Despedidas sem querer ir embora.

Quantas madrugadas divididas.
Quantas saídas definidas.
Tendo que vivê-las de forma contida.

Vontade que tinha de te ter no agora.
E tendo que te ter só depois.
Cada momento que só cabiam a nós dois.

Nada foi programado.
Vivemos o inesperado.
Do nosso caso considerado errado.
Mas que o acaso fez com que nosso caminho fosse traçado.

Derrepentemente me vi na sua frente.
Pra mim, foi tudo diferente.
Apesar de incoerente.

Foi intenso.
Esqueci o bom-senso.
É por isso que digo que em você eu ainda penso.

Ainda sinto o cheiro do seu casaco.
O toque do seu abraço.
Sua boca na minha sem nenhum espaço.

Você é o meu ponto fraco!


Renata Galbine!

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Orgulhosa e Arrogante.


Falsa e desequilibrada.
Parece gostar de ver o bicho pegar.

Quando cada um tá para um lado, brigado, você fica "ciscando", querendo agradar.

Quando cada um resolve se entender e deixar a mágoa morrer, você parece se ofender.

Gosta de confusão.
Gosta de ter todo mundo na sua mão.

Orgulhosa.
Arrogante.
Lidar com você é uma tarefa agonizante.

Manipuladora.
Metida a benfeitora.
Viver com você, é uma tarefa desafiadora.

Mandona.
Autoritária.
Mas no fundo você vive uma vida solitária.

Se acha a certa.
Dona da razão.
Está enganada achando que estamos todos na sua mão.

A perfeita que nunca erra.
É em vão te fazer enxergar.
Se tentar, vira guerra.

A gente que se ferra.
Você não fala.
Só berra.

Metida a culta. Se sente a burguesa.
Mas seus comportamentos não são de realeza.

Não se pode apontar seu erro.
Não existe defeito.
Você nunca está errada.

Você têm suas qualidades.
Mas pra te falar a verdade.
Seus defeitos traumatizam qualquer um.

Geram mágoas e desprezos.
Resultam em distanciamentos e receios.

Acorda.
Tá todo mundo cheio.
Para que tá feio.
Chega de apontar o defeito alheio.

Olha um pouco para o seu umbigo.
Ninguém merece mais viver esse castigo.
Quem, realmente, se importa é quem está contigo.

Valoriza. Ameniza.
É difícil ser seu amigo.

Se liga.
Desce desse pedestal.
Ninguém quer o seu mal.

Se cuida. Se trata.
A quem está do seu lado não se maltrata.

Acorda.
Abre o seu olho.
Ninguém aguenta mais viver nesse jogo.

Aceita.
Tenta enxergar.
Somos seres falhos.
Todo mundo está sujeito a errar.

E mais do que isso:
Estamos aqui para aprender e ensinar.
Senão sozinha uma hora você vai ficar.

Já passou da hora de você mudar!


Renata Galbine!

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Inspiração De Poeta


Dia desses me perguntaram de onde vem toda a minha inspiração.
De onde tiro.
O que faço quando quero escrever, mas não sei sobre o que dizer.

Parei pra pensar sobre isso.
Fiz uma análise geral.
Acabou vindo a inspiração para escrever esse texto.

E eu acho que é aí que está a resposta.

Ser Poeta;
Escritora.
Se é que posso me intitular dessa maneira.
É, mais ou menos, isso.

Escrever é, não só ouvir o que te falam.
Mas escutar.

Escrever é, não só olhar o mundo a sua volta.
Mas enxergar.

Escutar cada palavra.
Enxergar lá no fundo.

É captar o invisível.
É transparecer os pequenos detalhes.
É expressar o mais profundo sentimento.

É não viver pela metade.
É sentir por inteiro.
Em grande intensidade.

Ser Poeta, é sentir.
Sentir, sentir, sentir...
E nunca intervir seu sentimento.

Ser Escritora, é captar.
É amar com facilidade.
É sofrer com a falta de verdade.
É se entregar por inteiro.
É não saber lidar com o sorrateiro.

A inspiração está dentro de nós.
De todos nós.
Sem exceção.
Tem que saber captar.
Enxergar.
Para conseguir expressar.

A inspiração está a nossa volta.
Em cada detalhe visto.
Em cada momento vivido.
Em cada história acontecida.
Em cada situação vivida.

A inspiração tá no coração.
Basta ser sentida!


Renata Galbine!

sábado, 14 de outubro de 2017

Não Somos Iguais, Mas Dependemos Uns Dos Outros.


(TEXTO ESCRITO POR MIM, À CONVITE DA SOCIEDADE ESPÍRITA RENASCER EM ARARUAMA/RJ, ONDE FOI REALIZADO O EVENTO ANUAL "EVANGELIZ-ARTE 2017", COM O TEMA: "NÃO SOMOS IGUAIS, MAS DEPENDEMOS UNS DOS OUTROS.".
AGRADEÇO AO CONVITE E OPORTUNIDADE DE ME EXPRESSAR EM PALAVRAS, ABORDANDO ESSE TEMA TÃO IMPORTANTE DE SER FALADO E REFLETIDO.)
-

Repare a sua volta...

Somos tantos.
Somos muitos.
Aqui dentro.
E no mundo a fora.

Mas não somos iguais.

Cada um a sua maneira.

Pele;
Estatura;
Cabeleira.

Personalidades desiguais.

Um coração que guarda sentimentos.
Uma mente com mil pensamentos.
Uma vida e mil ensinamentos.

Problemas; Dificuldades;
Cansaço; Um ponto fraco.
Uma dor camuflada aqui.
Um sonho realizado ali.

E cada um carrega a sua bagagem dentro de si.
Única e Incomparável.
Assim como uma impressão digital.
Cada um tem a sua e a sua não é igual a de ninguém.

Tem gente alta. Tem gente baixa.
Tem gente gorda e tem gente magra.

Careca. Cabeludo.
Mais falante ou mudo.

Tem menina Bailarina, mas também Skatista.
Tem Brasileiro. Estrangeiro.
Tem aquele irmão mais caseiro e o outro baladeiro.

Tem gente irritada e mau humorada.
Tem gente mais paciente e sorridente.

Tem gente mais intensa ou mais fechada.
Têm os que não creem em nada.

Têm as pessoas mais Espiritualizadas.
Têm as mais saudáveis ou as mais debilitadas.

Gente diferente da gente.
Mas que não deixa de ser GENTE.

Professor; Diretor.
Porteiro; Padeiro.
Ator; Cantor.
Escritor; Engenheiro.
Médico; Advogado.
Metalúrgico; Delegado.
Faxineiro; Cozinheiro.
E tantos outros existentes e não menos importantes por não terem sido citados.

Cada um com a sua importância e qualidade.
Cada um com a sua experiência e verdade.

Precisamos dos outros para fazer o que não podemos fazer. O que não sabemos, nem somos capazes.
Precisamos do outro até para o nosso próprio crescimento Espiritual.

Dependemos uns dos outros.
É impossível viver sozinho.

Por isso, devemos pensar não só em nós.
Menos em nós.
Mais no outro.
Questão de compaixão!

É claro que devemos cuidar do nosso íntimo.
Mas também precisamos nos preocupar com o mundo do outro.
Com a dor do outro.
Questão de união!

Respeitando sua história.
Qualquer tipo de diferença e limitação.
Questão de obrigação!

Nós podemos ensinar.
Mas temos muito a aprender.

Nós precisamos ser servidos.
Mas temos muito a oferecer.

Nós precisamos respeitar.
Isso é humanizar!

Nós precisamos saber amar.
Pois o maior resultado da vida, é o amor.

Eu sou quem sou, mas nada seria sem quem me gerou.
Eu nada seria sem quem me educou.
Quem me ensinou.
Quem me escutou.
Quem me incentivou, me encorajou.
Quem me aprovou e também reprovou.
Quem me cuidou e por tantas vezes me curou.

Eu nada seria.
Não poderia.
Tão pouco sobreviveria.
Sem a quem, por um instante, ou por uma vida:

Me amou!



Renata Galbine!

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

O Ato De Se Desculpar


Talvez eu já tenha até escrito sobre isso.
Não me lembro.
Mas hoje me deu vontade de falar sobre esse assunto.
E vou!

Às vezes, posso me tornar repetitiva em minhas escritas.
Mas, se você parar para pensar, a vida é uma eterna repetição.
De aprendizados, ensinamentos.
Satisfações e frustrações.

São coisas que lidamos, passamos, vivemos, enfrentamos.
Não tem como expor, demonstrar, escrever e falar somente uma vez.

O que quero falar hoje, é sobre a dificuldade que as pessoas possuem dentro de si de se desculparem.

DESCULPAR!

Parece tão simples.
E deveria ser.
Mas não é.
Infelizmente, não.

Errar, é bem fácil.
Mas reconhecer.
Ah...
Às vezes, é melhor esquecer.
Pois passaremos uma vida a espera de algo que não vai acontecer.

Se desculpar, é algo tão engrandecedor.
Libertador.
Até mesmo curador.
Pra nós mesmos.

Tenho aprendido isso com o tempo, com os tombos e tropeços.

Se desculpar não apaga, nem desfaz um erro.
Mas se desculpar te faz mais maduro.
Mais humilde.
Mais sensato.

De que vale ter a culpa e levar sem ter desculpa?

Não estou dizendo que sou daquelas que erra e, automaticamente, me desculpo.
Que tenho facilidade em me desculpar.
Não!

Mas tenho notado o quanto é melhor, não só reconhecer, mas, também, oferecer minhas sinceras desculpas.
Isso nos causa um alívio tão profundo que alimentar o orgulho não vale a pena.
Não compensa carregar esse peso.
Pois o alívio que sentimos não tem preço.

Mas existem pessoas que preferem.
Preferem não reconhecer.
Não conseguem ser humildes o suficiente.
E seguem.

Sei, de fato, que isso faz mal para aquele que espera o pedido de desculpas.
Mas sei também que, pior ainda faz para aquele que sabe que precisa se desculpar.
E não conseguem.
Ou, simplesmente, não querem.

Pra que?
Por que?

Vale a pena não dizer?
Vale a pena perder esse tempo?

Será que dói tanto?
Será que é tão difícil assim?

Chegar e dizer pra mim:

- Desculpa!



Renata Galbine!

sábado, 7 de outubro de 2017

Química Certeira


Gosta dos meus cabelos finos e lisos.
Da minha pele macia e branca.

Gosto do seu olhar sacana quando me deito em sua cama.

Gosta das minhas tatuagens destacadas em minha pele clara.
Gosto do seu sorriso de canto de rosto quando digo que você é o cara.

Gosta do meu cabelo solto.
Mas quando estou de coque e escapam alguns fios, te causo até arrepio.

E então vem você se aproximando da minha nuca.
Afastando os cabelos e me deixando muda.

Não tem como não se arrepiar.
Nesse instante nossos corpos começam a se excitar.

É impossível disfarçar.
É o desejo tirando nossa mente do lugar.

Deslizo os dedos em suas costas, te sentindo aos poucos.
Enquanto escorrega a barba de leve por todo o meu corpo.

Nosso beijo se encaixa.
Nossa pele entrelaça.
E em um piscar de olhos o mundo a nossa volta se despedaça.

Em instantes, somos apenas um.
Eu e você.
E o nosso corpo nu.

Uma química certeira.
Sintonia perfeita.

Se entregando sem pensar.
Sem pudor de se amar.

O amanhã não está em nossas mãos.
O agora, somos eu e você, sem sermão.

Nada sério.
Tudo incerto.
Uma troca.

A gente se toca.
O resto não importa.

Seu olhar em cada pausa.
Seu sorriso.

Seu suspiro em meu ouvido.
Meu gemido.

Essas três noites e dias seguidos.
Foi bom ter vivido!


Renata Galbine!

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Ele é Dele


Tão diferente dos demais.

Não tem o cabelo liso preto e seu estilo é ele quem faz.
Usa máquina zero.
E não é qualquer amizade que te satisfaz.

Tem um gênio forte.
É o dono da própria sorte.
Parece até não ter medo da morte.

É gentil, educado, inteligente.
Não sei se digo que é seletivo ou exigente.

Sabe conversar sobre tudo.
Te ganha no papo e nas ideias.
Gosta de contar histórias como se você fosse sua plateia.

Tem mil habilidades.
Não te esconde a verdade.
É bem claro no que quer.
E, principalmente, no que deixa de querer.

Pode te carregar no colo e fazer tudo por você.
Mas em questão de segundos, pode perder a cabeça com aquele cara babaca com um papo nada a ver.

Ele não tem papas na língua.
Tão pouco, vai te elogiar só pra te agradar.

Com sua calça surrada.
Sua camiseta regata.
O colete do clube.
E seus loucos costumes.

É fã de uma feijoada.
Mas não abre mão da sua alimentação regrada.

Suas mãos grossas e ásperas.
Unhas curtas, cerradas.

Sua motocicleta na estrada.
Ele é Abutre.
Parece imbatível, insensível.
Mas já levou muita pancada.

Não é comum fazê-lo chorar.
Não é fácil fazê-lo se apegar.
Mas se o assunto for criança, facilmente, você vai fazê-lo se emocionar.
E, se duvidar, desarmar todo o seu mundo imbatível, de concreto e granito que construiu.

Pra se proteger.
Pra se esconder.
Pra não se envolver.
Enquanto não quiser.

E, de fato, ele não quer.
Ele mesmo disse que não.
Usando suas palavras mais claras, com seu jeito direto de ser.

Magrelo.
Com seus um e setenta e poucos de altura.
Cigarro entre os dedos.
Olhar firme e fixado enquanto conversa e conta suas tantas e tantas histórias e experiências.

Barba estilo ducktail.
Entende sobre todos os estilos musicais, mas é assumidamente roqueiro.
Do nada, pega seu violão e acompanho as cordas se espalharem pelos seus dedos.

Vivemos momentos.
Dividimos histórias.

Eu sei que seu momento não é agora.
É mais certo que não fique e, sim, que vá embora.
Mas, gato...

Até qualquer hora!


Renata Galbine!

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

O Problema Do Outro Me Convém, SIM


Não aceito essa insistente mania de as pessoas agirem como se somente elas tivessem problemas.

Sabe?!

É como se somente elas tivessem dificuldades.
É como se somente elas tivessem problemas a que se preocupar.

O problema DELA.
A dificuldade DELA.
O que ELA está passando.
O que ELA está enfrentando.
O quanto ELA está tentando.

Somente ela.
Unicamente ela.

Quanto ao outro?

Não...
Logicamente o problema dela é maior.
Ela, sim, está na pior.

Claro.
Ela precisa ser procurada.
Ela que necessita ser agradada.
Ela merece ser escutada.

Porém, não é bem assim.
Para um pouquinho e pensa:

Olha pra você...
Mas olha também a sua volta.

Somos egoístas demais.
E mais do que isso:
Egocêntricos.

Não é somente você que sofre.
Não é somente você que luta.
Não é somente você que cai e se esforça pra levantar diariamente. E incansavelmente!

Estamos todos, sem exceção, enfrentando alguma batalha.
Batalha interna ou a nossa volta.
Cada uma a sua maneira.
Cada uma com a sua intensidade.
Mas nenhuma delas deixa de ter uma menor complexidade.

E sabe?!

Ajudar o outro, também nos faz fortes.
Apoiar o outro, também nos ajuda.
Olhar pelo outro, nos faz maiores.

Um problema compartilhado, é uma experiência dividida.
E experiências divididas, são aprendizados compartilhados.

Aprender, é crescer.

Olhe um pouco menos pra você.
Olhe um pouco mais a sua volta.

Entenda que você não é o centro das atenções.
Nem a única pessoa que está sofrendo ou com algum tipo de dificuldade.

Todos estamos.
Mas tudo depende da forma em que você lida com seus problemas.
Tudo depende da forma que você lida com as dores dos outros.
Com o mundo do outro. Que não é diferente do seu!


Renata Galbine!

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Sem Compromisso.


Minha cabeça tá confusa.
Pensamento a milhão.
Tô ensaiando pra escrever, mas não consigo descrever o que tá no coração.

É sobre essa forma vaga e fugaz de se entregar.
É sobre essa maneira fria e despretensiosa de se dar.

Trocar palavras, pensamentos, confissões.
Compartilhar histórias, conversas e situações.
Viver momentos.

Despir seu intimo.
Se entregar.

Despertar o desejo.
Mil vezes te excitar.
E gozar.

É, fatalmente, se identificar.

Papo e Pele.
Pensamento e Opinião.

É gostar de estar junto.
É olhar algo que te faz lembrar.
É ter vontade de ligar.

Porém, não se envolver.
Tão pouco se apaixonar.

Somente curtir, sair.
Ocasionalmente se ver.

Dá pra entender?

Cada um para um lado.
Quase que um jogo de braço.

É gostar de estar, mas não querer ficar.

É ser de uma forma que agrada o outro.
É pensar de uma maneira semelhante.
É até fazer de um jeito excitante.

Parece tudo certo, não é?!
Mas não o suficiente.

Não sei se é falta de querer.
Ou um querer exigente.

Não sei se é uma busca incessante.
Ou uma fuga inconstante.

Não sei se é um desgaste de um todo.
Ou a busca do novo.

Não sei.

Só sei que, pra mim, é estranho viver assim.

Me doando pela metade.
Não podendo viver por inteiro.
Com receio de, mais cedo ou mais tarde, me envolver.
E de forma prática e certa, ter que esquecer.

Não sei se me acostumo e aprendo com essa de estar, sem querer ficar!


Renata Galbine!